Italea
Newsletter

Sabores de casa / Cannoli Sicilianos: um doce que revela a alma da ilha

Voltar para boletins informativos

11 Agosto 2025

3 minutos

Foto de Nove Colonne

Símbolo irresistível da Sicília, o cannolo carrega uma história fascinante, marcada por influências árabes, conventos cristãos e tradições populares.

Viajar para a Sicília sem ceder à tentação de provar um cannolo é quase impossível. Crocante por fora, macio e adocicado por dentro, esse doce tornou-se um ícone da gastronomia da ilha — um pequeno cofre de história e sabor que conquista já na primeira mordida.

Uma doce lenda entre haréns e conventos

A origem dos cannoli remonta a um passado distante e envolvente, suspenso entre mito e realidade. Uma das teorias mais sugestivas nos leva à época da dominação árabe na Sicília, entre os séculos IX e XI. Segundo a lenda, foram as mulheres dos haréns dos emires que criaram essa delícia, talvez inspiradas em sobremesas do Oriente Médio, combinando açúcar, especiarias e frutos secos com um creme à base de ricota. Conta-se que o cannolo era uma homenagem aos emires — uma explosão de sabores que unia técnica e poesia.

Com a chegada dos normandos e o retorno do cristianismo, a tradição doceira foi preservada e transmitida dentro dos conventos. De acordo com algumas fontes, foram as freiras de Caltanissetta que aperfeiçoaram a receita, transformando-a no doce por excelência do Carnaval siciliano — um tempo de festa em que a gula não só era permitida, como quase obrigatória.

Ricota de ovelha ou de vaca? Depende de onde você está

O coração do cannolo é o seu recheio: um creme de ricota sedoso e doce, enriquecido com açúcar, lascas de chocolate, frutas cristalizadas e um toque de canela. Na maior parte da ilha, usa-se ricota de ovelha, mais intensa e encorpada, enquanto no sudeste, especialmente na região de Ragusa, prefere-se a ricota de vaca, mais suave, feita com o leite das vacas dos Montes Ibleos.

Prepará-los em casa: um pequeno ritual

Fazer cannoli em casa exige tempo e paciência, mas a recompensa vale cada minuto. Tudo começa pela casquinha: uma massa fina, aromatizada com raspas de limão e um toque de vinho branco, que é aberta, enrolada em cilindros metálicos e frita até ficar dourada e crocante.

Ingredientes para 4 pessoas

Para a casquinha:

  • 250 g de farinha de trigo
  • 100 g de vinho branco seco
  • 25 g de açúcar
  • 25 g de manteiga amolecida
  • 1 ovo
  • raspas de 1 limão não tratado
  • 1 pitada de sal
  • óleo vegetal para fritar

Para o recheio:

  • 250 g de ricota
  • 110 g de açúcar de confeiteiro
  • 80 g de laranja cristalizada
  • 40 g de chocolate amargo em lascas
  • 1 pitada de canela

Para decorar:

  • granulado de pistache, amêndoas ou avelãs
  • açúcar de confeiteiro
  • cerejas cristalizadas (opcional)

Preparo resumido:
Faça a massa misturando farinha, açúcar, manteiga, ovo, raspas de limão e vinho branco. Deixe descansar na geladeira por duas horas. Abra a massa fina, corte em quadrados e enrole nos moldes. Frite a 160 °C e deixe esfriar.
Para o creme, misture a ricota com o açúcar de confeiteiro até obter um creme liso; depois, acrescente as frutas cristalizadas, o chocolate e a canela. Recheie as casquinhas apenas na hora de servir, para que se mantenham crocantes, e decore com o granulado e o açúcar de confeiteiro.

Uma mordida de Sicília, onde quer que você esteja

Hoje, assim como no passado, os cannoli não são apenas uma sobremesa: são um pedaço de identidade, uma ponte entre culturas, uma homenagem a uma terra rica em história e sabores. Prepará-los — ou simplesmente prová-los — é entrar em contato com um legado milenar que continua vivo nas mãos habilidosas dos confeiteiros e no sorriso de quem experimenta pela primeira vez.

Outras notícias

  • “Origini Itália”: em Trieste, um curso para descendentes de emigrantes italianos

    A iniciativa da MIB Trieste é gratuita e voltada para descendentes de emigrantes italianos de todo o mundo. O programa consiste em dois meses de formação em inglês, realizados em Trieste (e também em Roma), seguidos de três meses de estágio em empresas italianas. Em novembro, uma nova edição será lançada. Trieste é um verdadeiro […]

    LEIA MAIS
  • À descoberta do Salento misterioso e esotérico: Galatina, Soleto e Otranto

    Para além das praias de postal, o Salento guarda uma alma enigmática feita de mitos, magias e símbolos ocultos. De Galatina e o ritual da taranta a Soleto e os relatos alquímicos de Matteo Tafuri, até aos mistérios do mosaico de Otranto e aos grafitis da Gruta dos Veados, descubra um rosto antigo e fascinante […]

    LEIA MAIS
  • Entre monges briguentos e papas esbofeteados, a história ganha vida no baixo Lácio

    No coração do baixo Lácio, entre abadias milenares, eremitérios esculpidos na rocha e catedrais testemunhas de grandes acontecimentos, a história ganha vida. Dos Placiti cassinesi, o primeiro documento em língua vulgar italiana, ao célebre Esbofeteamento de Anagni, uma viagem entre monges, papas e afrescos que contam séculos de fé e poder. Estamos por volta do […]

    LEIA MAIS
  • Lombardia escondida: oásis e bosques a um passo de Milão

    A poucos quilômetros da metrópole, existe uma Lombardia inesperada, feita de bosques, oásis e natureza intocada. Quando se pensa na Lombardia, a mente corre logo para Milão e seu skyline, os dias marcados por compromissos e transportes atrasados, o aperitivo com vista e a correria de um compromisso para outro. Uma região dinâmica, produtiva, urbana. […]

    LEIA MAIS