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À descoberta do Salento misterioso e esotérico: Galatina, Soleto e Otranto

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11 Agosto 2025

4 minutos

Foto de Nove Colonne - La Cattedrale di Santa Maria Annunziata, Otranto (LE)

Para além das praias de postal, o Salento guarda uma alma enigmática feita de mitos, magias e símbolos ocultos. De Galatina e o ritual da taranta a Soleto e os relatos alquímicos de Matteo Tafuri, até aos mistérios do mosaico de Otranto e aos grafitis da Gruta dos Veados, descubra um rosto antigo e fascinante da Puglia.

O Salento não oferece apenas praias para relaxar, masserias e trulli onde se pode saborear pratos típicos, e arquiteturas barrocas ou românicas pugliesas. Para além de ser um destino turístico renomado, é uma terra de mistérios, mitos e narrativas esotéricas que vale a pena explorar. Um lado escondido a revelar, começando por um dos elementos mais característicos da Puglia: a taranta, termo que vem da crença popular segundo a qual a picada de uma aranha poderia causar uma condição conhecida como “tarantismo”, curável através da música e da dança.

O primeiro passo para entrar no mistério da taranta pode ser dado na pequena cidade de Galatina, na província de Lecce. Segundo a lenda, o apóstolo Paulo foi hospedado por um habitante de Galatina na sua casa, hoje conhecida como “Casa de São Paulo”. Para retribuir a hospitalidade, o santo teria concedido aos galatinos imunidade ao veneno das tarântulas. Perto da capela ainda se encontra um poço cuja água, diz-se, curava milagrosamente picadas e mordidas de animais venenosos. A mesma água que, no passado, era dada às “tarantate” antes do ritual de cura, acompanhado pelo sinal da cruz na ferida e por cânticos salvíficos contra o veneno da aranha. Uma espécie de “exorcismo”, portanto, acompanhado por pandeiros, violinos e harmónicas. Hoje as “tarantate” já não existem, mas o ritmo hipnótico da pizzica ainda ecoa nas praças da Puglia como símbolo da identidade salentina, e a Noite da Taranta atrai curiosos e turistas ao Salento no final de agosto.

A segunda paragem é a vila de Soleto, terra natal do filósofo, alquimista e médico Matteo Tafuri (8 de agosto de 1492 – 18 de novembro de 1584). Conhecido como o “Sócrates de Soleto”, após viajar por toda a Europa e Ásia Menor, dedicou-se ao ensino precisamente na sua terra natal. Foi uma personalidade temida e venerada pelas supostas capacidades de adivinhação, enquanto o seu interesse pela magia e alquimia lhe valeu acusações que o fizeram ser chamado de “feiticeiro”. Entre os relatos do filósofo destaca-se aquele relativo à Guglia Orsiniana, erguida em 1397. Sobre esta obra em Soleto, alta 45 metros, Tafuri dizia que um grupo de bruxas bordava febrilmente as esculturas enquanto legiões de diabos alados transportavam as peças para construir o campanário numa só noite. Contudo, ao cantar do galo, quatro diabos ficaram petrificados, sorridentes, nos quatro cantos do campanário.

A terceira etapa desta viagem pelos mistérios do Salento é Otranto, cuja Catedral de Santa Maria Annunziata guarda um precioso mosaico realizado pelo monge Pantaleone entre 1163 e 1165. Esta obra, bem preservada, mostra um labirinto teológico cuja verdadeira interpretação iconológica, por vezes, escapa ao observador contemporâneo. O centro é a Árvore da Vida, ao longo da qual se desenrolam as principais representações, tendo no topo a imagem do Pecado Original. Estão presentes várias figuras que remetem a animais ou mitos com significado alegórico nem sempre claro. Entre elas destacam-se um touro, um Beemote, o Leviatã, um elefante com estrela de cinco pontas, um centauro, um unicórnio, uma sereia segurando suas duas caudas, um asno a tocar lira e muito mais.

Finalmente, o Salento, uma das maiores zonas da Europa a acolher dólmens, menires e monumentos megalíticos, oferece um dos sítios arqueológicos mais significativos da Itália. É a Gruta dos Veados, a chamada “Capela Sistina do Neolítico”, que conserva mais de 3.000 pictogramas do Neolítico. Símbolos misteriosos que chegaram até hoje e que sugerem um culto pré-histórico do passado, que continua a fascinar.

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